SEMANA DOS PALHAÇOS EM ÉVORA
A segunda
edição da Semana dos Palhaços, realizada
pela companhia PIM TEATRO, na cidade de Évora, remonta aquele período medieval
e renascentista, quando histriões do teatro cômico popular percorriam aldeias e
cidades, atuando em praças, ruas e feiras, apoiados no jogo do improviso e nas
brincadeiras, parodiando e ridicularizando os costumes, vícios e paixões
humanas.
Mais uma
vez a histórica cidade alentejana vem acolher uma pluralidade de artistas,
ibero americanos, que possuem uma proximidade entre si: a paixão pela arte do palhaço.
Atuando sozinhos ou em grupo, estes artistas trazem na sua bagagem todo um
arsenal técnico/artístico, herdado daqueles histriões da antiguidade, dos bufões,
bobos da corte, da commédia dell’arte
e saltimbancos.
As ruas e praças da pequena Évora cederam
lugar ao picadeiro, e a tradicional lona do circo é substituída pelos limites da
muralha medieval que abraça a cidade. De longe se ouve o ecoar das gargalhadas
e das palmas, os palhaços e palhaças invadiram a cidade: Madame Nez Rouge; Marimbondo; Enano; Apretacocretas; Oli & Mary;
Calandria Y Milonguita; Ana Piu; Espaguete e Piparelli; Jorge Paxeco; Karmen
Sampalo; Payasos Sin Fronteras; Irmãos Esferovite; Encerrado para Obras;
Francis Lucas Makey; Eva Kurly; Rogério Fialho; Palhatiko; Palhaço Guilas.
Por felizes
dias Évora é “sede da alegria”. A surpresa, o inusitado, o dinamismo, a
brincadeira, o lúdico, a fantasia, a magia, o lirismo, a comicidade, a emoção, o
prazer e o riso, são sinônimos de “palhaçaria”. Crianças, jovens e adultos se
divertem com os belíssimos espetáculos, cuja teatralidade exerce no público um
fascínio que lhe é próprio.
Movidos
pelo prazer de estar em cena e pelo prazer de jogar, os palhaços trazem na sua
mala um repertório bastante diversificado, recheado de gags e números circenses (malabarismo, mágica, acrobacia,
pantomima, música e dança). Utilizam de todos os princípios e procedimentos de
comicidade, contrapondo a malícia e a pureza, o trágico e o cômico, num jogo
concomitante de perguntas e respostas, problematizando e relativizando ações e
reações, jogando e interagindo com o público. As performances dos palhaços propiciam uma
relação estreita, intimista e afetuosa com os espectadores, portanto,
fronteiriça, entre a realidade e a fantasia, a razão e a emoção, a seriedade e
o risível, levando a platéia a um estado de divertimento puro. Como bem colocou
o palhaço Espaguete, “uma sociedade
sem palhaço é uma sociedade doente”.
Klaas Kleber
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